Comunicação Eficaz e Influência

O cuidado ao expressar ideias, críticas ou pontos de vista favorece o bom resultado na interação com as pessoas, independentemente das situações ou cenários que estamos vivenciando. Tanto nas experiências profissionais, quanto na vida social fora do trabalho, seguir o conselho de pais e avós – “Pensar antes de falar…!” – consolida vínculos. A cortesia, a educação de intercalar o falar com o ouvir são atitudes compreendidas como essenciais. 

Praticamente todos reconhecem isso, mas muitos argumentam que dar a devida atenção às palavras ditas para explanar uma situação, para dar uma ordem ou apresentar ideias não é nada fácil, se o dia a dia é corrido, cheio de interrupções com clientes, fornecedores, liderados, todos cobrando decisões. É comum, nestas ocasiões, apelarem para a objetividade, acreditando que estão priorizando o foco no problema. Na maior parte das vezes, o filtro da objetividade decorrente do ambiente de pressão compromete a qualidade da comunicação. 

Por conta da percepção de que cuidar do que se fala é trabalhoso e demorado, as pessoas acabam não se importando com a qualidade, o que pode significar simplesmente que a prioridade recai em dar o recado em vez de querer ser entendido. Não admira que a grande maioria das pesquisas de clima organizacional mostrem resultados sempre preocupantes no campo da comunicação. 

Líderes e profissionais que não atentam para a diplomacia na comunicação e o autocontrole das emoções sob situação de pressão, restringem as oportunidades para evoluir na carreira ou obterem engajamento de suas equipes.

A experiência com líderes nos tem mostrado que é exatamente naqueles cenários tumultuados do cotidiano onde se melhor observa a eficácia dos que sabem se comunicar com clareza e atenção aos outros. O tato e a diplomacia ao expressar uma opinião consolidam a reputação e favorecem o sucesso profissional. 

3 pontos-chave para se comunicar bem

A sua autoimagem

Autoimagem é a percepção que cada um tem de si próprio. É como você se descreve, como acredita ser. A autoimagem é um fator essencial para um comunicador eficaz. Se a pessoa tem confiança em si mesma, os outros irão perceber esta característica e ficarão mais dispostos a ouvir. Muita gente se critica demais e tem dificuldade de confiar em suas próprias ideias e potencial. Tenha em mente como você quer ser percebido pelas pessoas em termos de comunicação. Faça uma autoavaliação sobre o seu jeito de expor ideias ou argumentos. Se você for mais introspectivo, cuide para não falar apenas reativamente, ou seja, só quando lhe passam a palavra. É bom assinalar que pessoas com autoimagem forte tendem a valorizar suas ideias tanto quanto as dos demais. Já as pessoas com autoimagem fraca tendem a desqualificar seu potencial, considerando que os outros são melhores ou mais capazes. Costumam dizer: “Eu ia falar, mas o fulano falou antes… então não preciso participar, é redundante, não acrescenta…” Se alguém utiliza este tipo de justificativa, pode precisar reconsiderar sua autoimagem. 

O saber ouvir

Dizem que a diplomacia é a arte de construir pontes. O principal quesito na experiência diplomática é saber ouvir. Quando ouvimos intencionalmente ideias e argumentos que as outras pessoas trazem em uma reunião ou atividade, estamos preparando um terreno fértil para que a boa comunicação floresça. Para construir pontes entre os participantes de uma conversa, se faz necessário descobrir pontos em comum nas argumentações entre os interlocutores, verificar em que ângulos e aspectos temos as mesmas ideias ou opiniões. Um bom ouvinte será eficaz também na comunicação, porque pode mostrar aos seus interlocutores o que percebeu de comum nas ideias debatidas. Geralmente, o bom ouvinte é bem eficaz em fazer sínteses, de tempo em tempo, de assuntos tratados durante as reuniões. “Pelo que entendi, estamos pensando neste ponto A e menos neste ponto B…”. Assim, quando se diz que alguém é um bom ouvinte, não significa que ele vá ficar em silêncio numa reunião. É uma escuta ativa e bem focada no processo de criar soluções entre as partes envolvidas.

A clareza de expressão

Saber exatamente qual é o objetivo da comunicação é também uma arte. Saber apresentar suas ideias e ser influente no sentido de “vender” o seu argumento requer que a pessoa se prepare um pouco antes para a reunião com seus interlocutores. Esta preparação não implica em teatralizar o discurso, mas sim, ter bem estruturados os pontos essenciais do que se quer ressaltar. Ter clareza de expressão não é falar bonito e, sim, falar de modo que as pessoas entendam claramente o que se quer comunicar. Ao iniciar uma reunião, quer você seja o condutor ou apenas um membro participante esclareça e reforce o objetivo pretendido com a reunião. Em uma apresentação de um projeto, é essencial que fique claro o que você pretende alcançar em termos de resultados com aquela proposição.

Agora, para ter influência no ambiente de trabalho e ser reconhecido como alguém que faz a diferença, além de uma boa comunicação é preciso algo mais. É preciso um mindset de desenvolvimento. É preciso mostrar genuína motivação para aprender e desaprender. Entusiasmo por colaborar com os outros e querer de verdade ouvir as pessoas. 

Por fim, cabe ressaltar ainda que facilidade de falar em público não garante influência. Aliás, lideranças admiráveis não são necessariamente extrovertidas o tempo todo e hábeis em discursar. O que as tornam influentes de verdade e o que todas tem em comum é a capacidade de se dedicar indo além do que foi pedido, do que foi solicitado. Estudam os assuntos, ouvem e processam o que escutaram. Buscam o objetivo em comum entre os interlocutores. E tem como um valor precioso o respeito pelo outro e o entendimento de que todos tem direito ao espaço de fala.

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