Microgerenciamento – O que está em jogo quando o gestor não sai do jogo

Executar partes do trabalho que a equipe pode realizar é um dos principais sintomas de que há falha ou disfunção no papel de gestão.

Esta prática é decorrente, muitas vezes, de algo bem positivo como alta capacidade técnica, grande energia pessoal para realização ou um alto senso de urgência para ver a solução definitiva de algum problema. Pode até mesmo ser decorrente de grande habilidade intelectual para a criatividade aplicada a resultados e alta precisão para análise de cenários.

No entanto, todos estes fatores têm em comum algo que os torna mais um gatilho desmotivador do que uma inspiração para equipe – todos apresentam as expressões “Alto/ Grande”, que podem simplesmente significar uso excessivo daquela qualidade ou atributo.

E todo mundo sabe que usar excessivamente uma qualidade gera a percepção rotulada pela linguagem popular, do sujeito ter um defeito.  Assim, se uma pessoa é comunicativa, isto é uma qualidade. Porém, se usar excessivamente esta qualidade, passará a ser vista como “tagarela”, “prolixa”, entre outros adjetivos, vistos como defeitos. No caso do gerenciamento de equipes, os excessos na atuação por conta de habilidades pessoais do gestor criam muita dificuldade para que as equipes consigam se engajar efetivamente nos projetos e atividades de elevada complexidade.

No jogo da microgestão, os aspectos de desconfiança e ansiedade ficam visíveis

Como se não bastasse a redução do engajamento, o gestor precisa estar ciente de que ao entrar nos detalhes ou mesmo em partes das atividades que sua equipe deveria estar fazendo, será percebido como um(a) gestor(a) que não confia no potencial da equipe e de que fica inseguro(a) com a performance do seu time. Pior do que isso, a ansiedade que também está na base do microgerenciamento, é algo muito difícil e extenuante para os liderados conviverem.  Líderes com ansiedade e impaciência não são inspiradores. E com certeza, esta é uma consequência indesejada por esses mesmos profissionais, já que estão sempre buscando realizar suas atividades de modo diligente e comprometido. Sim, porque, quem faz microgerenciamento se percebe como alguém totalmente comprometido com o trabalho.

Saindo de um jogo do microgerenciamento

Quando alguém no papel de liderança se percebe comprometido(a) mas não percebe que está fazendo microgerenciamento é porque está atuando em um patamar menos desafiador do que o que lhe foi designado.

Em nossa experiência, a melhor forma de sair deste jogo é primeiro perceber que se está nele. Por incrível que pareça, nenhum de nós está livre de viver esta situação muitas vezes na vida profissional. Então, mesmo os líderes mais conscientes e mais focados em desenvolver pessoas e times precisam revisitar suas práticas de gestão várias vezes ao longo do ano.

Colocar de lado a própria motivação pela execução de algo em que a pessoa tem expertise ou muito prazer em realizarrequer uma boa dose de maturidade. Requer também o entendimento de que o foco da liderança não são as tarefas do seu time. Sair do jogo para ver a qualidade da performance da equipe é o que dá sentido ao papel do gestor.

Passos para evitar microgerenciamento

1)     Reveja a descrição do seu cargo e seu plano de metas, identificando seu lugar na estrutura organizacional. Confrontar o que é esperado de você enquanto gestor e o que você está realizando, de fato, é fator primordial para colocar sua performance em perspectiva.

2)     Analise a sua atuação junto a equipe e peça feedback para seus liderados sobre sua prática de gestão e como você pode evitar fazer o trabalho deles. As equipes se tornam maduras quando as pessoas são tratadas como adultos e os líderes não utilizam uma comunicação autocrática e centralizadora, sempre associada a um caráter paternalista que infantiliza as pessoas, sem necessidade.

3)     Reconheça os sintomas de ansiedade, impaciência, perfeccionismo como pontos que intensificam o microgerenciamento e que só podem ser resolvidos por você.

4)     Decida que a sua equipe é quem deve estar no jogo e verifique o que você irá realizar contribuindo para que eles performem melhor.

Gestores, em seu dia-a-dia de trabalho, podem errar muitas vezes, mas é excepcionalmente louvável quando reconhecem suas falhas ou distorções de comando e buscam melhorar sua própria performance.

O melhor do jogo é ver que o alcance de resultados foi conquistado pelo genuíno engajamento do seu time de trabalho e você nem precisou estar lá no centro de tudo.

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